terça-feira, 18 de setembro de 2007

Le Parkour


Claro que eu já tinha ouvido falar do Le Parkour, mas nunca tinha visto tão de perto o quanto este esporte é radical e exige esforço físico dos seus praticantes.

De acordo com o fundador David Belle, o espírito do traceur visa superar todos os obstáculos em seu próprio caminho como se estivesse em uma emergência. O objetivo é mover-se de tal maneira, com quaisquer movimentos, para ajudá-lo a ganhar a maior vantagem possível de alguém ou em alguma coisa, quer seja escapando daquilo ou caçando isso.

Jerônimo Bittercourt é ator, bailarino e praticante do Parkour desde 2004, além um dos principais responsáveis pela divulgação da prática no Brasil. Ele foi contratado pela produtora Hungry Man para filmagem de campanha comercial da IG, onde pulou de um prédio a outro na UERJ.


Confira algumas fotos do making off:


Jerônimo Bittencourt durante filmagem de campanha publicitária para IG.

domingo, 2 de setembro de 2007

Casamentos


Sacolinhas de pano com fitas de cetim azul combinando com o sexo do bebê que chegará em 5 meses serão necessárias. Praticamente tudo terá que ser preparado novamente. Mas dessa vez os presentes não serão domésticos. Serão fraldas, mamadeiras e chocalhos. Tudo que é preciso para o desenvolvimento do primeiro filho.

Por agora, convites personalizados com indicações de uma loja de decoração famosa. As amigas mais íntimas haviam contratado djs e garotos dançantes que fariam uma apresentação de streaptease. Claro, tudo com muito respeito, afinal, haveria mães e avós presentes no Chá de Panela da noivinha recém saída da adolescência.

No final da festa, sob o efeito de muito champagne, reuniram-se algumas senhoras para falar sobre a experiência do casamento com a futura esposa.

- O meu casamento foi lindo. Mas a verdade é que meus pais que fizeram questão da cerimônia. Eu já morava com o Emílio há mais de 3 anos e, pela gente, não faríamos festa.

- Você achou que mudou alguma coisa na vida de vocês depois que casaram? - Indagou Estela, a única que nunca havia se casado.

- Nada. Mas minha mãe me encheu a paciência dizendo que, se por acaso, um dia, nos separássemos, seria mais garantido pra mim, que eu estivesse casada. Acho que provar a união estável ainda é difícil e com o casamento não teria errada: 50% de tudo seria meu e 50% dele. - explicou Elisa.

- Ah que besteira! Hoje em dia existem alternativas para se precaver. Eu e o Marcos, por exemplo, assinamos, no cartório, a Escritura de Declaração de União Estável. Com essa declaração fica estabelecido que todos os bens que adquirirmos juntos é dos dois. A gente nem mora junto né... Então achei melhor fazer isso.

- Ai gente, no dia do meu chá de panela e vocês aí já pensando em separação! Casaram pra quê se pensam em separar?

As duas soltaram uma gargalhada.

- Você é muito nova ainda. Não sabe o que está falando. Quando for morar com seu marido vai entender muita coisa... - ponderou Elisa.

- Chega, você duas, de ficarem enchendo a cabeça da minha filha às vésperas do casamento! Sim, ela é uma criança ainda, romântica e cheia de sonhos. E vocês tratem de não estragar isso!

- E você Virgínia, conte-nos, como foi seu casamento e a quanto andas ainda hoje? - indagou Estela num tom sarcástico.

- Ah... o meu casamento foi a realização de um sonho, foi um dia de princesa. Casei com o homem que eu amo. Tinha um vestido lindo tomara-que-caia, branco, todo de seda. O véu não era longo, porque eu não queria nada arrastando no chão. As flores do buquê eram lilás combinando com as forminhas dos docinhos e as damas de honra.

- É, o casamento da Virgínia foi luxuosíssimo. Foram uns 600 convidados. Lembro até hoje dos comentários nas colunas sociais. - acrescentou Olga, que já era de mais idade - Eu era muito amiga da mãe da Virgínia. Que Deus a tenha! Ela fez muito gosto nesse casamento.

- Também, com um partidão feito o Nolasco. - disse Estela levando um beliscão de Elisa discretamente.

- Eu sou muito feliz até hoje. - finalizou Virgínia. - E você minha filha, se Deus quiser, será também.

- O casamento é feito de paciência - disse Dona Olga pegando na mão de Letícia - Morar junto é difícil, você terá que aprender a conviver com os defeitos do outro e ele com os seus. As pessoas são cheias de manias, que só descobrimos com a convivência diária. Uma vida a dois tem seus altos e baixos e saber esperar a crise passar é uma virtude essencial para que tudo dê certo.

- Você é tão sábia tia Olga. Não consigo entender por que a Senhora se separou do tio Luis. Pareciam tão felizes!

Elisa e Estela coxixaram baixinho:

-É que com tanta sabedoria ela se deu conta de que casamento é uma furada inevitável. Mas agora ela aprendeu e não casa mais. - riram baixinho.

- Eu e o tio Luis não nos amávamos mais. Logo depois, seu tio se apaixonou por outra mulher, teve filhos com ela e eu tive que seguir minha vida. Eu também não o amava mais como homem. Tentei preservar o casamento por causa dos filhos até onde deu. Mas no fim das contas tudo aconteceu como deveria ser. Não vê hoje? Eu e seu tio somos muitos amigos. A mulher dele é ótima. E eu acabei encontrando um novo amor.

- Mas o casamento não deveria ser pra sempre? Minha mãe diz que o dela será.

- Sim, pra sempre enquanto o amor dure.

Neste instante foram interrompidas pelas amigas da Letícia que queriam se despedir.

- Queridas, também vamos indo que já está tarde. Preciso levar o Lucas amanhã cedo ao colégio e a Estela vai me dar uma carona. - disse Elisa já se despendindo.

Eram cinco horas da tarde da semana seguinte. O noivo, enquanto esperava, cumprimentava os mais de 600 convidados. Eram 6 casais de padrinhos para cada lado. As madrinhas estavam com vestidos longos, cada uma de uma cor. A igreja toda florida com rosas brancas e as daminhas vestidas como bonecas em vestidos no tom de azul claro.

Havia uma organizadora do evento um tanto autoritária. Parecia estressada para que tudo saísse perfeito. Verificava tudo de 5 em 5 minutos: a posição dos padrinhos, das damas de honra, a orquestra e o coral, o padre e os horários.

Tam tam na nam. Tam tam na nam...

Os sinos bateram e a orquestra começou a tocar em sincronia com o canto do coral. As pessoas foram entrando na ordem cerimonial e por último a noiva numa entrada triunfal. A maioria dos olhos estavam cheios de lágrimas de emoção e as atenções dirigidas para mais bela da noite, aquela vestida de branco, a única.

Depois da igreja, todos se dirigiram para o cerimonial onde um banquete, seguido de uma festa, os esperava. Fotógrafos e operadores de câmera acompanhavam todos os movimentos dos noivos. Estava tudo impecável: a música ambiente enquanto serviam o jantar nas mesas à luz de velas, vinhos, champagnes, wiskies, a seleção de músicas para embalar a pista de dança, os docinhos e o bolo nupcial, as havianas distribuídas para as mulheres descansarem os pés das sandálias de salto fino número 10.

Elisa e Estela sentaram-se na mesma mesa com seus respectivos maridos.

- Essa festa não poderia ser diferente sendo da filha de quem é não é mesmo? - indagou Estela.

- Ahahaha. Estela, você é impossível!

- Elisa, por favor, vamos comentar a respeito da declaração da Virgínia sobre "Ainda sou muito feliz" e "Meu casamento durará para sempre". Gente, o que foi isso?! Tem mulher que nasce pra ser corna mansa mesmo né?

- Por que você está falando isso?

- Ahh, você não sabe? O Nolasco é aquele pedaço de mal caminho, inteligente e bem sucedido. Você acha que ele ia se contentar com uma mulher só? Claro que não né. Pega todas as secretárias e outras mais. Todo mundo sabe.

- Nossa, mas a Virgínia é tão bonita, dedicada.

- Mas homem fiel não existe e além disso, a concorrência é acirrada.

- Mas a Virgínia sabe e continua com ele?

- Ahh, ela não é boba nem nada. A Letícia está casando porque engravidou. Mas eles namoraram pouquíssimo tempo. Você acha mesmo que esse casamento vai dar certo? Daqui a pouco ela volta pra casa com uma criança debaixo dos braços e aí vai sobrar pra quem? Pros pais não é?! Hoje em dia também, tem tanta mulher interesseira, que se a Virgínia separasse do Nolasco por causa de infidelidade, não ia demorar muito para vê-lo casado de novo com uma moça bem mais nova, bonita e doida pra ser mãe de herdeiros dele. Acaba se tornando uma questão de preservar o patrimônio dos filhos e o conforto dela.

- Ahh Estela, acho que você está sendo muito prática na sua análise. Ela ama o Nolasco e é isto que mantém o relacionamento deles.

- Não seja ingênua Elisa. É claro que o amor existe, mas não pense que essa é a única razão deles estarem juntos ainda.

Na outra mesa estavam sentados os familiares. Dona Olga era praticamente da família e por isto, encontrava-se nesta mesa.

- E então Virgínia, como estão as coisas com o Nolasco? - perguntou Dona Olga.

- Eu tenho aguentado muitas coisas. Mas tenho conseguido levar. Casamento dá muito trabalho. Se algum dia me separar, vou fazer igual à você. Não quero mais saber disso.

- Eu sei que é duro.

- Olga, fiquei revoltada ontem com a ironia da Estela. Muito fácil falar não sendo casada. Esse pessoal mais novo tem uma cabeça muito diferente da nossa não é mesmo? União estável, casamento moderno, infidelidade recíproca e assumida, é o que eles chamam de relacionamento aberto, cada um morando na sua própria casa. Pra mim isso não é estar junto.

- Eles parecem que se amam e se admiram. Olha lá. E acho que pensam em ter filhos daqui a pouco. Aí eu não sei como vai ficar essa estória de morarem cada um em um endereço. No mínimo terão que morar na mesma rua pra revezarem nas madrugadas com os choros do bebê.

- As vezes eu penso que seria tão mais fácil se eu tivesse a mentalidade deles. Esse jogo aberto, a falta de possessividade e ciúmes. Eu sofro tanto com as traições e nunca conseguiria fazer o mesmo, nem acho que o Nolasco aceitaria isso.

- Não sei se é tão mais fácil assim Virgínia. E nem acho que não exista ciúmes. Mas realmente, eles lidam de uma outra forma com tudo isso. E acho que cada um tem a sua maneira de viver. O importante é ser feliz.

Na terceira mesa estava Letícia.

- Amiga, me conta, ganhou muitos presentes? O apartamento que vocês vão morar já está pronto? Você não está com medo de tudo? Gravidez, morar sozinha... E a faculdade?

- Ainda não estou pensando em nada disso. Quanto aos presentes, confesso que fiquei meio decepcionada. Meus pais gastaram uma fortuna com esse casamento e eu achei que, pelo menos, os presentes pagariam a festa. Mas esse povo vive muito de aparência. Vive saindo em coluna social, mas na hora dos presentes dão ferros de passar de R$79,90. Ganhei três ferros. Haja roupa! Mas amanhã to indo pro Havai e vai ser muito divertido. Só espero que o Vicente não fique surfando o dia inteiro. Ahh, queria tanto que vocês fossem comigo.

- Ahahaha. Mas é a lua de mel de vocês amiga.

- Ahh, mas a gente nem vai fazer nada mesmo. Com essa barriga? E nem tenho tido mais vontade também.

Vicente chega na mesa bêbado e fazendo festa. Os fotógrafos e cinegrafistas os cercam.